Auto da Barca do Inferno - Cena do Enforcado

sábado, 6 de março de 2010

Relativamente à "cena" do Corregedor e do Procurador, que antecede ao do Enforcado, faremos apenas a sua leitura dramatizada e teceremos alguns comentários a estes tipos.

Vamos dedicar a aula de hoje à leitura do Enforcado, resolvendo depois este questionário. Para contextualizar a cena e o tipo em questão, é importante que leias este texto sobre a abolição da pena de morte.


Síntese das principais informações das cenas (resposta ao questionário)


O Enforcado

Símbolos Cénicos:

- baraço (corda que traz ao pescoço)

Tipo:

- povo (criminoso condenado)

Argumentos de defesa:

- ele havia sido perdoado por Deus ao morrer enforcado

- já tinha sofrido o castigo na prisão

- Garcia Moniz tinha-lhe dito que se se enforcasse iria para o paraíso

Argumentos de Acusação:

- o crime que cometeu (ser criminoso)

- ser ingénuo


O Corregedor e O Procurador

Símbolos Cénicos:

- Corregedor: vara e processos

- Procurador: livros jurídicos

Tipo:

- Corregedor: Juiz corrupto

- Procurador: Funcionário da Coroa corrupto

O Diabo cumprimenta o Corregedor com “Oh amador de perdiz” porque:

- era uma pessoa corrupta

- a perdiz era um símbolo de corrupção

A forma de como o Corregedor inicia diálogo com o Diabo aproxima-se da forma com o Fidalgo também o fez

O Corregedor usa muito o Latim porque:

- é uma língua muito usada em direito

O Diabo responde-lhe em Latim Macarrónico porque:

- era para ridicularizar a linguagem utilizada na justiça

- para mostrar que essa linguagem não servia de nada

- poderiam sobre falar bem Latim mas não sabiam aplicar as leis

O Corregedor pergunta “Há’ q-ui meirinho do mar?” porque:

- ele estava habituado a ser servido

O Corregedor pergunta se o poder do barqueiro infernal é maior do que o do próprio Rei porque:

- ele na Terra tinha um grande poder

- não admitia que mandassem nele

Argumentos de acusação do Procurador:

- não tem tempo de se confessar

Argumentos de acusação do Corregedor (o Diabo acusa-o de):

- ter aceitado subornos (ser corrupto)

- ter aceitado subornos até de Judeus (muito mal vistos naquele tipo)

- confessou-se mas mentiu

Argumentos de defesa do Corregedor:

- era a sua mulher que aceitava os subornos

Acho que o argumento usado de defesa do réu foi:

- errado

- o Diabo saberia de tudo

- ele não deveria estar a mentir

- não devia estar a acusar a sua mulher porque depois também ela era condenada

“Irês ao lago dos danados / e verês os escrivães / coma estão tão prosperados” quer dizer que:

- o Corregedor, quando for para o Inferno, vai encontrar os seus colegas (Homens ligados à justiça)

Gil Vicente julgou em simultâneo o Corregedor e o Procurador porque:

- ambos passavam informação

- ambos faziam parte da justiça

(havia cumplicidade entre a justiça e os assuntos do Rei, ambos eram corruptos)

A confissão para eles:

- não era importante: só se confessavam em situações de risco e não diziam a verdade

Quando o Corregedor e o Procurador se aproximam do Anjo, ele:

- reage mal

- fica irritado

- manda-lhes uma praga: atitude nada normal do Anjo

O Parvo acusa-os de:

- roubar coelhos e perdizes

- profanar nos campanários: levavam a religião de uma forma superficial

Desenlace:

- Inferno

No Inferno o Corregedor dialoga com Brízida Vaz porque:

- já se conheceriam da vida terrena



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