Análise da cena da Alcoviteira no Jing
É uma forma de continuar a aprender através da repetição da aula que a professora vai dar; assim não há forma de esquecer e há tempo para fazer registos com calma.
Cena da Alcoviteira parte 1 2010-02-28_1708
Cena da Alcoviteira parte 2 2010-02-28_1722
Cena da Alcoviteira parte 3 2010-02-28_1732
Auto da Barca do Inferno - Cena da Alcoviteira
Após o visionamento dos videocasts anterior com toda a explicação da cena da Alcoviteira, e da leitura dramatizada da cena acompanhada, como habitualmente, das explicações da professora, resolvam o questionário de compreensão da cena, bem como as questões sobre as orações subordinadas.
Análise esquemática da cena (resposta ao questionário)
A Alcoviteira (Brízida Vaz)
Símbolos Cénicos:
- seiscentos virgos postiços (hímenes das virgens)
- três arcas de feitiços
- três armários de mentir
- jóias de vestir
- guarda-roupa
- casa movediça
- estrado de cortiça
- dois coxins
(todos estes símbolos representavam a sua actividade de alcoviteira ligada à prostituição)
Tipo:
- alcoviteira
Quando o Diabo sabe que é Brízida Vaz que está no cais ele fica:
- contente: sabe que ela tem muitos pecados e por isso é mais passageira para a sua barca
- surpreso / admirado : não esperava por ela tão cedo
- surpreendido
Com o campo semântico da mentira ela revela que:
- é hipócrita
- tenta fazer-se de vítima perante o Diabo para convencê-lo do q lhe interessa
- hábil mentirosa
Quando o Diabo a convida a entrar ela:
- diz, com alguma arrogância, que não entra sem o Fidalgo
Perante o Anjo, Brízida Vaz usa outras tácticas:
- a sedução: muda o seu tom de voz tentando seduzir o Anjo
- usa vocabulário de cariz religioso: para o Anjo ter pena dela
Quando fala com o Anjo, ela usa um vocabulário de cariz religioso para:
- ele ter pena dela
- a deixar entrar na sua Barca
- a achar uma boa pessoa
Argumentos de Acusação:
- viveu uma má vida (prostituição)
Argumentos de defesa:
- diz que já sofreu muito
- que arranjou muitas “meninas” para elementos do clero
Caracterização de Brízida Vaz:
- chegando ao cais na barca do Inferno, recusa-se a entrar sem o Fidalgo, provavelmente eram conhecidos
- diz que não é a barca do Diabo q procura
- leva vários elementos cénicos relacionados com a sua profissão de alcoviteira
- está sempre confiante de que vai entrar na barca do Anjo
- defende-se dizendo que sofreu muito, como ninguém, que arranjou muitas “meninas” para elementos do clero e que está orgulhosa por ter arranjado “dono” para todas as suas “meninas”
- quando vai à barca do Anjo muda completamente a sua atitude, usando mais o vocabulário de cariz religioso e tentando seduzir o Anjo e fazer-se de boa pessoa
Desenlace:
- Inferno
Podcasts a partir dos diálogos produzidos pelos grupos
Cena do Frade
Resolvam este questionário a partir da leitura da cena do Frade, a personagem-tipo que revela uma imagem decadente da instituição da Igreja, na época de Gil Vicente.
Análise esquemática da cena (resposta ao questionário)
O Frade (Frei Babriel)
Símbolos cénicos:
- hábito de frade - escudo - capacete - espada - moça (Florença) | Equipamento de esgrima |
Críticas com esses símbolos:
- desajuste entre a vida religiosa e a vida que ele levava ( vida mundana)
- os símbolos representavam a vida de prazeres que ele levava, o que o afastava do seu dever à crítica religiosa
Tipo:
- clero (mundano)
Argumentos de Acusação:
- era mundano
- não respeitou os votos de castidade e de pobreza
O Frade não nega as acusações feitas, pois:
- pensa que o facto de ser Frade e o seu hábito o vão salvar dos seus pecados
Argumentos de Defesa:
- ser Frade
- rezou muito
Apresenta-se cm cortesão:
- o que revela q ele frequentava a corte e os seus prazeres, era um frade mundano
“Gentil padre mundanal”:
- contradição: encontra-se na palavra “mundanal” e “gentil”
- o Frade deveria ser uma pessoa dedicada à alma, ao espírito, mas é mundanal, vive os prazeres do mundo, por isso existe aqui uma contradição
“Diabo-(...) E não os punham lá grosa / no vosso convento santo?
Frade- E eles faziam outro tanto!” revela que:
- havia uma quebra de votos de castidade ao hábito comum entre eles
- esta afirmação alarga a crítica a toda a classe social, pois o Frade é uma personagem tipo, representando toda uma classe social
Uso do facto de ser Frade naquele tempo:
- pretende mostrar que o clero se mostrava superior
- poderia fazer o que quisesse sem ser condenado
- mal-estar na sociedade por serem cada vez mais frequentes os Frades ricos e poderosos
O Anjo recusa-se a falar com o Frade porque:
- tem vergonha do seu réu
- não tinha coragem de falar com alguém do clero com tantos pecados (repugnante)
Frade aceita a sentença porque:
- viu que o Anjo não quis falar com ele
- porque não cumpriu as regras que deveria ter cumprido
- se o Anjo se recusa a falar com ele é porque todos os seus pecados foram graves
Caracterização do Frade:
- auto-caracteriza-se “cortesão” (frequentava a corte) o que entra em contradição com a sua classe
- sabe dançar tordilhão e esgrimir às qualidades típicas de um nobre
- é alegre pois chega ao cais a cantar e a dançar
- tal como os outros Frades não cumpriu o voto de castidade nem de pobreza, como se comprovava com as suas palavras
- está convencido que por ser membro da Igreja tem entrada directa no Paraíso
- personagem tipo através da qual se critica o clero
Desenlace:
- Inferno
Auto da Barca do Inferno - Cena do Sapateiro
À leitura dramatizada da cena do Sapateiro, segue-se esta ficha de trabalho que deverão realizar na aula de hoje. ACTIVIDADE DE ESCRITA - TEXTO UTILITÁRIO O Sapateiro tenta provar ao Anjo o seu mérito e o seu direito à barca da Glória. Imagina que, em vez de o fazer de viva voz, trazia consigo um documento - o seu Curriculum Vitae.
Este é um documento (não neste formato, claro!) que vos vai ser muito útil de futuro. Descarreguem este modelo de CV para praticarem o seu preenchimento, apenas com as informações que se aplicam a vocês.
Análise esquemática da cena (resposta ao questionário)
O Sapateiro (Joanatão)
Símbolos Cénicos:
- avental: simboliza a profissão
- carregado se formas de sapatos: simbolizam a sua profissão e vem carregado pelos seus pecados
Tipo:
- povo (artesão)
Argumentos de acusação:
- roubava
- enganava
- religião mal praticada
Argumentos de defesa: (práticas religiosas)
- rezava e ia à missa (o fidalgo usou a mesma defesa)
- fazia ofertas à igreja
- confessava-se
- fez todas as práticas religiosas
Crítica feita por Gil Vicente a todas as rezas:
- forma superficial de como os católicos praticavam a religião
- julgavam que as rezas, missas, comunhões, tinham mais valor que praticar o bem
Desenlace:
- Inferno
Auto da Barca do Inferno - Cena do Parvo
Joane, o Parvo
«O parvo Joane é uma figura singular. Desde logo, porque dispensa símbolos cénicos.
É verdade que, tal como os restantes mortos, não tem acesso à barca do Anjo; mas não é objecto da condenação sistemática que todas as outras personagens sofrem. Talvez por, já em vida, se haver colocado à margem de compromissos com o mundo terreno, não revela em cena qualquer temor face ao destino que, depois da morte, o espera.
A sua presença constante em palco permite-lhe intervir, a cada passo, com uma sinceridade desconcertante e bastante cómica.»
Cf. José Augusto Bernardes, Sátira e Lirismo no Teatro Vicentino, Lisboa, Ed. INCM, 2006 [adaptado]
Após a leitura da cena e desta introdução, resolvam este questionário.
Lanço-vos ainda um outro desafio para deixarem em forma de comentário:
Se Joane trouxesse símbolos consigo, quais poderiam eles ser?
Aqui fica mais um resumo de cena para auxiliar o vosso estudo e corrigir/ completar as vossas respostas:
O Parvo (Joanne)
Tipo:
- povo (uma pessoa pobre de espírito)
Não tem referência ao passado porque:
- não agiu com maldade
- não tem pecados
Símbolos cénicos:
- não traz porque os símbolos cénicos estão relacionados com a vida Terrena e os pecados cometidos
- o Parvo não tem qualquer tipo de pecados
Argumentos de defesa:
- Anjo: tudo o que fez foi sem maldade e é simples
O Parvo não usa qualquer tipo de argumento para convencer o Anjo a deixá-lo entrar no Paraíso porque:
- não teve tempo de dizer nada, a sua entrada naquela barca foi autorizada de imediato
- o Anjo deixa-o entrar porque tudo o que fez foi sem maldade
“Quem és tu? / Samica alguém”:
- revela a sua simplicidade
- a resposta está relacionada com o seu destino q é o Paraíso
Caracterização desta personagem:
- não traz símbolos cénicos com ele porque não tem qualquer tipo de pecados
- com simplicidade, ingenuidade e graça, auto-caracteriza-se ao Diabo como “tolo”
- queixa-se de ter morrido
- as suas atitudes ao longo da cena são descontraídas, o que irrita o Diabo que o quer na sua barca
- o Diabo é insultado por ele
- esses insultos revelam a sua pobreza de espírito
- apresenta-se ao Anjo com “Samica alguém” e este diz-lhe q entrará na sua barca, porque tudo o que fez foi sem maldade
A minha opinião sobre esta cena:
- tem uma intenção lúdica: fazendo divertir quem está a assistir a esta peça
- também tem uma intenção de crítica: dizendo q os parvos são pessoas pobres de espírito e não têm intenção de fazer mal
- ajuda muito na crítica e faz os cómicos
Desenlace:
- fica no caís e entra com os Quatro Cavaleiros