Mapas conceptuais das cenas do Auto da Barca do Inferno
Daniela e Catarina
Américo e Tiago
Daniel Freire
Tiago e Américo
Daniel Freire
Daniela e Catarina
Ivo e Daniel Mineiro
Mapas conceptuais do Auto da Barca do Inferno
Proponho-vos agora uma actividade diferente: a partir deste Mapa de Conceitos elaborado por um colega vosso de outra escola sobre o Auto da Barca do Inferno, elaborem, em grupos de dois, uma Mapa de Conceitos semelhante, mas por "cena", apoiando-se nas sínteses que acompanham os questionários das cenas.
Para começar, devem fazer o download do programa C-maps, a partir deste link; depois devem seleccionar os conceitos-chave da cena escolhida por grupo, a saber:
Américo e Tiago: Fidalgo e Onzeneiro
Ivo e Daniel Mineiro: Sapateiro e Parvo
Catarina e Daniela: Parvo e Frade
Rafael e Liliana: Alcoviteira e Judeu
Daniel Freire e Rui: Enforcado e Quatro Cavaleiros
Vanessa: Introdução
Questionário global - consolidação do estudo da obra
Para consolidar o estudo da obra de Gil Vicente, vão hoje realizar duas actividades interactivas que encontram na barra lateral, denominadas de «Actividades Interactivas sobre Gil Vicente e o Auto da Barca do Inferno»: Hotpopatoes da leitura integral e das personagens.
Coloquem as vossas pontuações numa caixa de comentário, por favor.
Gigas de pontos!
Auto da Barca do Inferno - Cena dos Quatro Cavaleiros
Terminada a leitura do Auto da Barca do Inferno, resta-nos a interpretação da última "cena" do texto.
Para tal, e após as explicações dadas na aula, deverão responder a estas questões.
É importante que leiam este breve texto sobre as Cruzadas, para vos ser mais fácil contextualizar a "cena":
Espírito de Cruzada
Fonte: Língua Portuguesa CEF, Porto Editora
SÍNTESE DAS INFORMAÇÕES DA CENA (resposta ao questionário)
Os Quatro Cavaleiros
Símbolos Cénicos:
- hábito da ordem de Cristo
- espadas
Tipo:
- cruzados
Argumentos de Defesa:
- dizem que morreram a lutar contra os mouros em nome de Cristo
Quando chegam ao cais chegam a cantar. Essa cantiga mostra:
- aos mortais que esta vida é uma passagem e que terão de passar sempre naquele cais onde serão julgados
Os destinatários desta mensagem são:
- os mortais
- os Homens pecadores
Nessa cantiga está contida a moralidade da peça porque:
- fala da transitoriadade da vida
- fala da inavitabilidade do destino final
- fala do destino final que está de acordo com aquilo que foi feito na vida Terrena
Os cavaleiros não foram acusados pelo Diabo porque:
- merecem entrar na barca do Anjo
- morreram a lutar pela fé cristã, contra os infiéis, o que os livrou de todos os pecados
- esta cena revela a mentalidade medieval da apologia do espírito da cruzada
Desenlace:
- Barca do Anjo
Auto da Barca do Inferno - Cena do Enforcado
Relativamente à "cena" do Corregedor e do Procurador, que antecede ao do Enforcado, faremos apenas a sua leitura dramatizada e teceremos alguns comentários a estes tipos.
Vamos dedicar a aula de hoje à leitura do Enforcado, resolvendo depois este questionário. Para contextualizar a cena e o tipo em questão, é importante que leias este texto sobre a abolição da pena de morte.
Síntese das principais informações das cenas (resposta ao questionário)
O Enforcado
Símbolos Cénicos:
- baraço (corda que traz ao pescoço)
Tipo:
- povo (criminoso condenado)
Argumentos de defesa:
- ele havia sido perdoado por Deus ao morrer enforcado
- já tinha sofrido o castigo na prisão
- Garcia Moniz tinha-lhe dito que se se enforcasse iria para o paraíso
Argumentos de Acusação:
- o crime que cometeu (ser criminoso)
- ser ingénuo
O Corregedor e O Procurador
Símbolos Cénicos:
- Corregedor: vara e processos
- Procurador: livros jurídicos
Tipo:
- Corregedor: Juiz corrupto
- Procurador: Funcionário da Coroa corrupto
O Diabo cumprimenta o Corregedor com “Oh amador de perdiz” porque:
- era uma pessoa corrupta
- a perdiz era um símbolo de corrupção
A forma de como o Corregedor inicia diálogo com o Diabo aproxima-se da forma com o Fidalgo também o fez
O Corregedor usa muito o Latim porque:
- é uma língua muito usada em direito
O Diabo responde-lhe
- era para ridicularizar a linguagem utilizada na justiça
- para mostrar que essa linguagem não servia de nada
- poderiam sobre falar bem Latim mas não sabiam aplicar as leis
O Corregedor pergunta “Há’ q-ui meirinho do mar?” porque:
- ele estava habituado a ser servido
O Corregedor pergunta se o poder do barqueiro infernal é maior do que o do próprio Rei porque:
- ele na Terra tinha um grande poder
- não admitia que mandassem nele
Argumentos de acusação do Procurador:
- não tem tempo de se confessar
Argumentos de acusação do Corregedor (o Diabo acusa-o de):
- ter aceitado subornos (ser corrupto)
- ter aceitado subornos até de Judeus (muito mal vistos naquele tipo)
- confessou-se mas mentiu
Argumentos de defesa do Corregedor:
- era a sua mulher que aceitava os subornos
Acho que o argumento usado de defesa do réu foi:
- errado
- o Diabo saberia de tudo
- ele não deveria estar a mentir
- não devia estar a acusar a sua mulher porque depois também ela era condenada
“Irês ao lago dos danados / e verês os escrivães / coma estão tão prosperados” quer dizer que:
- o Corregedor, quando for para o Inferno, vai encontrar os seus colegas (Homens ligados à justiça)
Gil Vicente julgou em simultâneo o Corregedor e o Procurador porque:
- ambos passavam informação
- ambos faziam parte da justiça
(havia cumplicidade entre a justiça e os assuntos do Rei, ambos eram corruptos)
A confissão para eles:
- não era importante: só se confessavam em situações de risco e não diziam a verdade
Quando o Corregedor e o Procurador se aproximam do Anjo, ele:
- reage mal
- fica irritado
- manda-lhes uma praga: atitude nada normal do Anjo
O Parvo acusa-os de:
- roubar coelhos e perdizes
- profanar nos campanários: levavam a religião de uma forma superficial
Desenlace:
- Inferno
No Inferno o Corregedor dialoga com Brízida Vaz porque:
- já se conheceriam da vida terrena
Auto da Barca do Inferno - Cena do Judeu
Antes da análise desta cena, é importante fazer uma breve contextualização à História dos Judeus em Portugal, para perceber por que motivo esta personagem é incluída neste Auto.
Para tal, começamos por consultar os seguintes recursos:
-Os Judeus em Portugal
-Questão Judaica em Portugal
De seguida, vejamos este "filme" engraçado criado por um grupo de alunos, com o resumo da cena.
Agora sim, procedemos à leitura integral da cena e resolvemos este questionário de compreensão e sistematização da análise.
Para resolver este questionário, é ainda importante ler estes dois pequenos apontamentos:
1. O bode do Judeu
O símbolo cénico transportado pelo Judeu, o bode, tem origem numa tradição que atravessa várias épocas e religiões: o sacrifício de animais em honra de deuses. A expressão "bode expiatório" significa, hoje, sacrificar alguém, atribuindo-lhe culpas de algum procedimento menos correcto, assim, libertando outros de suspeitas ou consequências. Próxima desta expressão, em sentido, está uma outra tantas vezes ouvida: "pagar o justo pelo pecador".
2. A posição de Gil Vicente perante os Judeus
Quanto aos Judeus, que ora são satirizados segundo o padrão dos preconceitos demagógicos, observados de forma realista e despreconceituosa (...)a carta de D. João III talvez mostre que, sem pôr em causa uma atitude religiosa anti-hebraica, Gil Vicente se mantinha favorável à política de assimilação tolerante que fora a de D. Manuel e que só a partir de 1531 deixou de ser a de D. João III.
António José Saraiva
História da Literatura Portuguesa, Porto Editora
Síntese das principais informações sobre a cena (resposta ao questionário)
Judeu (Semah Fará)
Símbolos Cénicos:
- bode: representa a sua religião
Tipo:
- Judeu
Logo que chega ao cais o Judeu dirige-se para a barca do Inferno porque:
- sabe que não será aceite na barca do Anjo, já que em vida nunca foi aceite nos lugares dos Cristãos
- os Judeus eram muito mal vistos na época e nem poderia admitir a hipótese de entrar na barca do Anjo
Para entrar na Barca do Inferno ele usa:
- o dinheiro
Ele usa o dinheiro porque:
- era uma forma de mostrar que os Judeus tinham grande poder económico e que estavam ligados ao dinheiro
O Judeu recusa deixar o bode em terra porque:
- quer ser reconhecido como Judeu
- não recusa a sua religião
Argumentos de acusação (o Parvo acusa-o de):
- roubar a cabra
- ter cometido várias ofensas à religião cristã e à igreja, comendo carne no dia de jejum
- ser Judeu
Em termos de contexto histórico essa acusação:
- revela que os Cristãos odiavam os Judeus
- acusavam-nos de enriquecer à custa de roubos de Natureza diversa
- acusavam-nos de ofender a religião católica, cometendo diversas profanações
Desenlace:
- fica no cais (porque ninguém o quer)